Acompanhamento contínuo do paciente e integração multidisciplinar apontam caminho para o uso mais racional dos serviços e aumento da qualidade de vida de uma população que envelhece rapidamente
Médicos que atendem aos 60+ no dia a dia sabem: nosso modelo de saúde, fragmentado e voltado para casos agudos, falha ao responder às suas demandas. A falta de cuidados continuados, acompanhamento de condições crônicas e estratégias para postergar os marcos de fragilidade piora a qualidade de vida desta parcela da população e compromete as finanças em nível pessoal e nas esferas pública e privada.
Hoje, 5,6% das pessoas com 60 anos ou mais comprometem mais de 40% de sua renda domiciliar per capita apenas com as mensalidades do plano de saúde, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE (2017-2018). Isso sem falar nos medicamentos e outros serviços.
Se unirmos a isso o rápido envelhecimento do País, que deve ter 40,3% de sua população com 60 anos ou mais em 2100, segundo projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), veremos que a mudança para um modelo com mais coordenação do cuidado e acompanhamento constante do paciente torna-se fundamental para garantir a sustentabilidade do sistema.
Neste contexto, a atenção domiciliar torna-se aliada de hospitais, médicos e pacientes. Quando equipes especializadas de enfermagem passam a visitar o paciente em casa e olhá-lo de maneira global e com uma abordagem proativa e preventiva, a coordenação do cuidado se torna mais eficiente, aumentando a autonomia e qualidade de vida e reduzindo o número de casos agudos. Foi o que aconteceu na Holanda, com o modelo buurtzorg, recentemente premiado pelo Fórum Econômico Mundial.
Neste report, você vai ver exemplos reais de como o cuidado continuado, a partir da casa do paciente, pode apoiar sua prática e melhorar os resultados clínicos de seus pacientes. Em quatro capítulos, abordamos as mudanças no paradigma da saúde no Brasil, explicamos como tornar a coordenação do cuidado mais eficaz, trazemos o case do método holandês buurtzorg e finalizamos com uma entrevista exclusiva com Gabriel Treiger, clínico-geral e coordenador da unidade de internação do Complexo Américas, na Barra da Tijuca (RJ). O médico explica como a atenção domiciliar o apoia em seu dia a dia, aumenta a adesão ao tratamento e ajuda a desafogar os hospitais.